7.12.07

Posta Vulgaris

A minha estreita relação com os comboios

Porque o meu pai era ferroviário, eu tinha um passe de estudante à borla, que me permitia viajar de comboio quando quisesse.
Um dos meus luxos de fim de semana, era ir estudar para os comboios. Levava um livro debaixo do braço, metia-me num comboio até um determinado sítio, e depois apanhava outro de regresso.
Actualmente, muitos dos meus sonhos, são angustiosas viagens de comboios.
Ontem sonhei que no regresso, embrenhado na leitura da matéria, reparei em sobressalto, que o comboio já estava parado onde devia sair. Saio apressurado para a gare, o comboio parte e fico ali sozinho, numa estação de engano, que não era a minha, em local ermo.
Está escuro e meto-me a pé pela estrada, paralela à linha do comboio. Reparo com azedume, que devia ter ficado na estação, pois os comboios continuavam a passar. Encontro então uma prostituta na beira da estrada, que me oferece os seus serviços. Digo-lhe que não tenho dinheiro. Ela agarra no livro que eu levava, desfolha-o com curiosidade e põe-se a fugir com ele. Ao atravessar a linha, vem um comboio que a atropela. O comboio pára, eu vou buscar o livro e subo para o comboio. Para o mesmo compartimento levam a prostituta, intacta, e deitam-a nos lugares em frente a mim.
Ela pisca-me o olho... e acordo.

PoiZé

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