17.8.04

Os meus ouvidos escutam cada vez menos as conversas, os meus olhos enfraquecem, continuando por�m insaciados.

Vejo as pernas delas de mini-saia, de cal�as, ou de tecidos vaporosos,

Espreito cada uma, os seus rabos e coxas, pensativo, embalado por sonhos porno.

� lascivo velho jarreta, est�s com os p�s para a cova e n�o para os jogos e brincadeiras da juventude.

Mas n�o � verdade, fa�o apenas aquilo que sempre fiz, compondo as cenas desta terra, movido pela imagina��o er�tica.

N�o desejo justamente estas criaturas, desejo tudo,
e elas s�o como um sinal de conv�vio ext�tico.

N�o tenho culpa de sermos feitos assim, metade de contempla��o
desinteressada e metade de apetite.

Se depois de morrer for para o C�u, l�, ter� de ser como aqui,
apenas hei-de livrar-me dos sentidos entorpecidos e dos ossos pesados.

Transformado em puro olhar, continuarei a absorver as propor��es
do corpo humano, a cor dos l�rios, a rua parisiense na madrugada de Junho.
Enfim, toda a inconceb�vel, a inconceb�vel pluralidade das coisas vis�veis.

Czeslaw Milosz (1911-2004)
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