Lagosta Suada Começamos o ano com lagosta, contrariando os apóstolos da desgraça. Cozinhada à boa moda portuguesa, neste caso de Peniche. Começa-se por tirar a tripa à lagosta, uma operação digna dos lacaios do Dr. House. Os especialistas usam uma antena da lagosta. Eu usei uma baguette chinesa. Enfiei a baguette por um pequeno orifício junto da cauda da lagosta, que escorrega facilmente até uma das antenas da cabeça. Puxa-se rapidamente e sai a tripa, ou se não sair, coma também a tripa. Os tripeiros são boa gente. De qualquer modo, a operação descrita é seguida da "sangria", salvo seja porque não é sangue. A perfuração daquelas zonas tripeiras da lagosta, liberta líquidos que se escorrem para o fundo de um tacho com dois dedos de água. Depois corta-se a lagosta pelos anéis. Corta-se também a cabeça, mas no sentido longitudinal e retira-se um saco acinzentado, aproveitando-se o resto, que se coloca com as patas, pinças e antenas no tacho da "sangria", mas não os anéis, por enquanto. Sobre as patas, pinças e antenas, pique cebola, alho, salsa e tomate aos pedaços. Rega-se com azeite e tempera-se com sal, pimenta e colorau. Coloca-se então os anéis da lagosta. Rega-se com vinho branco e conhaque (ou brandy). Junta-se malagueta, louro, noz moscada e um ou dois cubos de manteiga com alho. Tapa-se o tacho, põe-se um peso sobre a tampa e deixa-se suar em lume brando durante uma hora, sacudindo por vezes. Tira-se a tampa, cheira-se e bebe-se um copo de espumante fresquinho. Junte ao cozinhado um pequeno cálice de Vinho do Porto. Tape e deixe apurar mais um quarto de hora. Entretanto vá cozendo um arroz branco para acompanhar a obra. Abrimos um vivificante espumante da Filipa Pato, filha do Luis e formada em Engenharia Química pela UC. Na Bairrada é assim. Bom proveito. |
Foto ZGarcia
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