9.10.08

Posta Vulgaris

Anonymu

Certa vez com dois amigos, fomos a um baile na Sociedade das Belas Artes.
Calhou-nos uma mesa que era a segunda ao lado do palco.
O baile tinha variedades. Às tantas cantava António Calvário. Cantou e veio sentar-se na mesa ao nosso lado, junto ao palco. Trocamos algumas palavras informais. Logo vieram umas meninas pedir-lhe autógrafos, que no seu entusiasmo também a nós nos pediram e que fornecemos com ar compenetrado, sem defraudar o momento.
Mas não resisti e no autógrafo que dei, escrevi: "Saúde e bichas." o que provocou risadinhas nas teen-agers, enquanto mandavam olhares desconfiados. Foi o meu star momento de celebridade.
Devem ser situações destas que inebriam algumas celebridades, e que as levam a não perceberem quem prefira ser um vulgar anónimo.
Para Rui Rangel o anonimato, o blogue anónimo, o comentário anónimo, a net anónima, são do piorio, porque para ele e outros como ele, não existe o poeta anónimo, o autor de gravuras anónimo, o benemérito anónimo, ou simplesmente a pessoa que quer fazer as coisas sem o chatearem e sem se importar em não receber algo em troca, excepto o gozo de fazer por fazer.
Ou não fazer.


PoiZé

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